segunda-feira, 29 de novembro de 2010

ENQUANTO UMA GUITARRA GENTILMENTE CHORAR, HAVERÁ UMA GUITARRA BEATLE NO AR...

Paul and George - A imagem refletida no telão
durante o show Up and Coming 2010




Na chuvosa e nublada manhã do dia 29 de novembro de 2001 (como a de hoje), acordei lendo as letras a revista de cifras (que comprei em 1996 e guardo até hoje) e lendo as letras me deu uma vontade enorme de traduzir Blackbird, uma das músicas que sempre gostei. Mesmo não tendo a mínima noção de inglês e não tendo a internet que hoje na dúvida pode se fazer uma busca para se encontrar o que se quer, peguei um dicionário e passei a traduzí-lo até próximo ao meio dia complementar a tradução do pássaro negro que canta ao cair da noite. Foi a primeira vez que me permitir parar para traduzir uma música e gostei do que li ao terminar a tradução.

Minutos depois de terminar tomo banho e me preparo para almoçar. Ligo a televisão para saber as notícias do dia e a chamada do jornal de meio dia era: MORRE GEORGE HARRISON!!! Fiquei sem reação... Como assim... dá-se no imaginário que ídolos não morrem (há momentos que acho que Chapman acreditava nisso ao atirar em Lennon). Tempos antes ele havia sobrevivido um atentado de homicido em sua casa por outro fã maluco. Do mesmo modo que após a morte de Lennon e passados 20 anos, era como se os demais beatles fossem imortais, algo Highlander. Troquei de canal e cada um informava o mesmo e era irreversível, George realmente estava morto.

Não me saía da cabeça se aquilo de amanhecer com aquela idéia fixa na cabeça de traduzir algo e ao terminar descobrir esta notícia eram somente coincidencias ou algo mais. Tal qual Blackbird, George voava para vôos mais altos, para a paz que tanto procurava. Afinal desde 1967 quando levou os beatles para a cultura oriental indiana “ele só estava esperando este momento chegar”, esta paz que tanto procurado e que agora era encontrado. A meditação e os mantras era sua forma de poder enxergar toda sua vida esperando este momento para ser livre

Liberdade somente alcançada quando a banda se separou e All Must Thing Pass veio ao fim daquele ano mostrando a ditadura enfrentada por ele para mostrar suas músicas em discos dos Beatles. A consquência é que aquele disco lançado ao fim de 1970 e só posterior aos discos dos outros 03 ainda hoje é considerado o melhor disco solo de um beatle. Também, não se pode negar o fato que as músicas gravadas naquele disco triplo (o primeiro disco triplo da história, só para perceber a quantidade de músicas sufocadas pela dupla dinâmica Lennon/Mccartney) foram compostas entre 66/69 e muitos foram sumariamente eliminadas da edição final dos discos

Passei aquele horário de almoço gravando todos os programas possíveis em programas e jornais. Cheguei a ter quase 45 minutos de reportagens gravadas numa VHS (sendo que a média de reportagens variavam de 02 a 07 minutos). Pena o tempo ter feito bolor rolo e ter perdido aquele material, hoje mesmo sendo 09 anos aqueles arquivos são documentos

George era o amigo que todo amigo gostaria de ter (que o diga Eric e as histórias de amizade entre os dois e o diga Paul mesmo em momentos de rusgas registrados no filme Let It Be e que Paul imediatamente após sua morte fazia questão mesmo 30 anos depois de pedir desculpas insisentemente). Fittpalldi que o diga, ganhou uma música exclusiva de presente. Há pessoas que sonham em ganhar carros e viagens de luxo. George dava músicas de presente. Eu adoraria ganhar um Here Comes Rogério e ficaria eternamente grato com o presente

Ao contrário de Lennon/Mccartney e também até Ringo, Harrison sempre procurou o isolamento completo. Em entrevistas buscava dizer que discos eram a maneira de mostrar o que produzia e não deixá-las ao ostracismo e não apenas fazer sucesso para não repetir o sufocamento sofrido com os Beatles. A turnê de 1974 era uma maneira (que acabou não dando certo) de se desvincular da banda que ele projetou como a maior de todos os tempos. A penalidade de tamanha ousadia de se desvincular de sua maior obra foi a insatisfação de fãs sedentos por Beatles e dos vorazes críticos e que provocou 17 anos sem algum show solo e mesmo assim o retorno só houve “com a pequena ajuda de seu amigo” Eric Clapton.

Até então, meu beatle favorito era Rongo Starr. Sempre me chamou atenção os outsiders por me sentir sempre assim. Nunca fiz parte de grupos e sei que isso me prejudicou em muitos pontos. E Ringo para mim representava isso. A figura a parte, poém, importante. Isso até acompanhar aquelas reportagens e ver que se tinha um a quem me identificava realmente era George Harrison. E assim pedi licença para Ringo para que George Harrison se tornasse meu beatle n°01

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Paul Mccartney ao vivo em São Paulo dia 22/11/2010


Exatos uma semana atrás estive em São Paulo para acompanhar os shows de Paul Mccartney sabendo que o ponto mais emocionante do show é quando se presta uma homenagem a seu amigo de adolescencia e o qual conseguiu convencer John que este era capaz de entrar na banda que estava montando.

Quando Paul inicia a tocar seu maior sucesso Something, “algo” de transcendental acontece literalmente. Com U-kelele presenteado por George e novo arranjo que só encorpou a beleza da música não tinha quem contivesse as lágrimas naquele instante. Quando o arranjo clássico volta ao normal e aparece aquele sorriso de paz de George tendo um aconchegante ombro para que Paul se escorasse eu fui um dos 180 mil pessoas (incluindo os três shows) que desabaram em lágrimas. Ao aparecer George no telão e seu solo mais famoso ser tocado na exatidão, era como se ele literalmente estivesse presente naquele momento. E todos aqueles que lá estiveram sentiram isso. Eu fui um deles.

Passados 09 anos após sua morte e a poucos dias dos 30 anos da morte de John Lennon eu só tenho a agradecer a eles. Desde os 05 anos eles me deram algo que é o maior presente que alguèm pode dar a outra pessoa. Alegria. Estar no estádio do Morumbi no dia 22 de novembro era meu modo de ser grato a tudo isso. Às tardes e manhãs e momentos solitários tendo como companhia as fitas K7, os LPs, os CDs, os VHSs, ou escutando em minha adolescencia o especial Beatles Revolution da Rádio Nacional

George, você nunca ouvirá (muito menos Paul e Ringo) ou como o famoso refrão de Lennon e Mccartney cantado por Milton Nascimento, vocês talvez não irão saber, mas...

MUITO OBRIGADO POR TER ME FEITO FELIZ ESTES 29 ANOS DE MINHA VIDA!!!

Um comentário:

  1. Rogério , gostei muito do seu blog. Esta de parabéns e esse seu texto em especial sobre a homenagem em Something descreveu exatamente o que sinto. Ja havia visto a mesma em outras apresentações em DVD do Paul , também pude presenciar este momento inesquecivel pessoalmente..

    De qualquer forma mais uma vez parabéns, irei sempre ler aqui suas resenhas sobre o fab four.

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